O jeitinho brasileiro é ser criativo

06/13/2017 Adriano Meirinho 0

Toda pessoa nascida no Brasil escuta desde muito cedo a história de jeitinho brasileiro. Houve-se por aí que brasileiro que é brasileiro de verdade não desiste nunca, que sempre dá seu jeito, não importa se de forma ilegal, prejudicando outras pessoas ou na malandragem.

A maioria das vezes esse “dar seu jeito” tem o sentido pejorativo, especialmente quando retratado por pessoas de outros países. Mas e se o jeitinho brasileiro fosse visto por outro lado? E se “não desistir nunca” significasse encontrar, de forma criativa, soluções para problemas cotidianos?

O jeitinho brasileiro que soluciona problemas

Pensar é muito barato para ser levado a sério, a criatividade é muito pessoal e muito pouco tangível para ser encarada como algo que resolverá problemas. Quando pensamos sobre as principais necessidades do nosso tempo, saúde, moradia, transporte público, infraestrutura, existe muito pouca reflexão por trás disso. O que se coloca é dinheiro, e soluções físicas caras para problemas que podem ser resolvidos com criatividade barata, mas pouco confiável aos olhos do mundo.

É aquela história: você chega na segunda feira com muito trabalho pra fazer, mas com coisas acumuladas da semana passada, então tem que resolver tudo da semana passada para só assim começar o desta semana. Inevitavelmente tudo atrasa novamente, além do trabalho ser feito da forma mais prática e processual possível, ou seja, nas coxas.

O que deveria importar mesmo é o tempo dedicado a pensar um pouco em como inovar para não deixar que as coisas acumulem, para que tudo seja feito com calma e com qualidade.

Quando falamos de jeitinho brasileiro, pouco ouvimos falar em histórias como a de Alfredo Moser, mecânico mineiro que teve a ideia de pegar garrafas pet com água e um pouquinho de cloro e posicioná-la sob o teto de sua casa para fazer luz. Ou a história da líder comunitária Rosa Gonçalves, ex-trabalhadora da roça e empregada doméstica no litoral paulista que foi parar em Londres. Lá ela criou o Guarita Community Cafe, que além de oferecer variados menus baseados nos sabores brasileiros, caribenhos e africanos, batalha para oferecer treinamento para jovens da comunidade se capacitarem a gerir e administrar cozinhas e atendimento ao público.

E ainda tem as histórias que todo mundo conhece, de Santos Drummond, Ayrton Senna, Pelé, Ronaldinho Gaúcho, Neymar. Quem sabe dar um pouco mais de importância para esses “jeitinhos brasileiros” seja o caminho para valorizarmos ideias mais fortes, mais espontâneas, mais ricas.

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